O drama de Paulo Henrique Ganso é para ser lamentado, sem dúvida.
Mas deveria servir para uma busca de respostas sólidas e embasadas.
Sem hipocrisia.
Cair apenas no discurso conveniente e clichê de que o calendário é cruel e
massacrante, talvez seja a atitude mais simplista e acomodada. Às vezes, chega a
soar como desculpa.
Pode ser só impressão, mas o tal do calendário virou mordomo da história.
Calendário não se defende, não tem advogado, não tem emprego pra segurar. Tem um
telhado de vidro imenso e nunca joga pedra de volta.
Mas afinal, Maio apenas começou e já estamos falando em esgotamento do limite
físico de atletas de alto rendimento? Jogadores teoricamente preparados para uma
temporada inteira, que nem chegou à metade?
As lesões sistemáticas e seguidas não estão por aí em todos os times. Mesmo
naqueles que, como o Santos, disputam duas competições ao mesmo tempo. É mais
comum ver os departamentos médicos cheios mais pro fim da temporada, em meio à
maratona do Campeonato Brasileiro.
Ganso passou por lesão séria ano passado, que segundo os médicos, nada tem a
ver com a lesão atual.
No mesmo período, outros jogadores, tão assíduos quanto ele e jogando no
mesmo time – como o próprio Neymar – não tiveram os mesmos problemas.
A grosso modo, é fácil concluir que alguns estão mais vulneráveis a lesões
que outros. Pode nem ser o caso de Ganso, mas é uma possibilidade.
O mais importante não é buscar reponsáveis isolados pelo caso de Paulo
Henrique. Até porque provavelmente não existem culpados.
Mas seria saudável que o espisódio abrisse sério debate e busca de soluções
entre dirigentes, treinadores, médicos e preparadores físicos, de todos os
clubes. Não há mesmo como evitar ou diminuir o número de lesões quando ainda
estamos relativamente no começo da temporada?
O calendário é mesmo massacrante, deveria ser readequado? Talvez,
provavelmente. Mas está um pouco cedo demais para efeito tão contundente.
E cá pra nós: se em pouco mais de três meses jogando, isso já virou assunto
do dia, é porque algo está errado.
E talvez não seja só o calendário.
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