segunda-feira, 9 de maio de 2011

A diferença entre o Santos de Muricy e o Manchester de Ferguson.

É possível dizer que Muricy Ramalho errou ao escalar o time completo do Santos na decisão contra o Corinthians. E que, por isso, perdeu Paulo Henrique Ganso por tempo indeterminado, mas seguramente para as partidas contra Once Caldas, na quarta-feira, e na decisão do Paulista domingo que vem, contra o Corinthians.

Muricy respondeu antes da escalação, em conversa por telefone, na sexta-feira: "Nosso elenco é curto. O que preocupa é justamente isso. Desde que eu cheguei, o time que está jogando é praticamente o mesmo, em quase todos os jogos."

O técnico do Santos foi assim no Fluminense, no São Paulo, no Internacional. Poupa pouco, porque quer ganhar sempre. O que dá a entender que ele poderia tirar alguns jogadores.

A comparação com o Manchester United 4 x 1 Schalke da semifinal da Liga dos Campeões é inevitável. Para fazê-la é preciso colocar os times no papel.
O Manchester United goleou o Schalke com Van der Sar, Rafael, Smalling, Evans e O'Shea; Valencia, Gibson, Scholes, Ânderson e Nani; Berbatov.
Se quisesse fazer o mesmo, Muricy escalaria Rafael, Pará, Bruno Aguiar, Vinícius e Alex Sandro; Adriano, Rodrigo Possebom, Felipe Ânderson e Alan Patrick; Keirrison e Zé Eduardo, digamos.

O Manchester United tinha seis jogadores com convocações frequentes. O Santos teria Alan Patrick, da seleção sub-20 do Brasil.

Porque as realidades são diferentes é que se deve pensar em reformar o calendário do futebol brasileiro. A coluna deste domingo do Estadão traz frases de Mano Menezes, Muricy Ramalho e do preparador físico da seleção brasileira, Carlinhos Neves. Todos julgam que o que anda errado é a distribuição dos jogos. Espalhar a Copa do Brasil e a Libertadores por toda a temporada, disputando os dois torneios continentais simultaneamente -- como na Europa -- é o primeiro passo para não ter sequências de decisões às quartas e domingos. Mata-matas seguidos para os sobreviventes.

Na história do futebol brasileiro, os casos mais explícitos de escalações de reservas na final de Estadual aconteceu com Luiz Felipe Scolari. Em 1996, seu Grêmio foi campeão gaúcho com os suplentes. Em 1999, escalou dez reservas e o titular Roque Júnior, improvisado como volante, na primeira partida das finais contra o Corinthians. Na quarta-feira seguinte, teria a decisão da Libertadores contra o Deportivo Cali. Os reservas de Felipão perdiam por 1 x 0 para o Corinthians até os 45 do segundo tempo, mas levou dois gols, de Marcelinho e Dinei, nos minutos 91 e 95.

O título foi para o Corinthians com o empate por 2 x 2 na segunda partida das finais.

P.S.: No caso do Santos, a melhor providência seria escalar um time misto. Difícil escalar o time reserva inteiro, mas o misto poderia proteger os melhores jogadores. A chance de perder o estadual seria maior, mas o Santos é aquele em que claramente a prioridade deve ser a Libertadores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário